Fevereiro Matreiro

Olá GENTI,

Espero que esteja tudo bem por aí! Bem quero começar por dizer que hoje não estou realmente num dos meus melhores dias! Enfim há dias para tudo… A verdade é que depois de uma breve análise para encontrar a razão para tal estado de espírito, descobri que nas duas últimas semanas aconteceu-me de tudo e só hoje reparei que tenho encarado tudo muito levemente. E não deve ser assim mesmo?? Se deve ou não deve eu não sei o que é certo é que depois de tanta “pedrada” o corpo e a mente ressentem-se um pouco. É como o álcool, não mata mas moe (principalmente no dia seguinte).
Mas como é obvio não há álcool que resista a um guronsan, nem lenha que detenha o FMI, nem porra nenhuma que desanime o povo brasileiro. Ainda para mais não estou eu a viver no Paraíso???
Enfim depois desta introdução espiritual vou passar a relatar algumas aventuras.
Genti, no Domingo (6/2/11) fui ver um jogo de futebol. Acontece que não foi um simples jogo de futebol. Tratou-se no maior clássico do estado de Pernambuco. É como um Porto-Benfica ou um Real Madrid-Barcelona, a diferença é que as torcidas são completamente loucas pelos seus clubes. No caso o clássico foi o Santacruz- SportRecife que se realizou no Arruda, estádio do Santa (ou tricolor). O estádio chega a ter cerca de 70 a 80 mil pessoas, mas a capacidade diga-se “permitida” é de 65 mil. Julgo que deva ser parecido ao antigo estádio da Luz que se dizia capaz de receber 90mil mas chegou a ter 120 mil. A razão é que não possui cadeiras então varia. Mas não é de cadeiras nem de capacidades que vos quero falar. O que acontece é que uma cidade com aproximadamente 5 milhões de habitantes pára para ver este clássico. O mais bonito mesmo é dentro do estádio. As torcidas não param de saltar e cantar acompanhados por batuques eletrizantes e coreografias maníacas! É entre palmas, gritos, pulos e danças que o estádio se vai enchendo antes do jogo. Cerca de uma hora antes do apito inicial já os estádio vibra com os adeptos e torcidas organizadas a disputarem o título de torcida mais apaixonada. E claro, se vão insultando mutuamente. Eu fiquei junto da torcida visitante, a do Sport! Qual é a melhor? Não consigo dizer, sei que ambas fazem uma festa incrível!
Mas nem tudo é um mar de rosas! Lá fora, e longe da segurança apertada perto do estádio, a rivalidade é tão grande que principalmente a malta das favelas (sem qualquer tipo de xenofobia social), não se sabe comportar. Eu mesmo passei por um desses torcedores louco e confesso que não é muito agradável. Pois ia eu de pé no ônibus lotado de regresso a casa, já a cerca de uma hora do estádio, quando numa das paragens o ônibus é brutalmente apedrejado por um ou dois torcedores de uma das equipas (não consegui distinguir). No meio dos vidros partidos e da confusão com toda gente abaixada no ônibus, havia um “tolinho” pendurado nos, sei lá, corrimões que todos os autocarros têm para a malta se segurar. Esse era eu. Como ia de pé com as mãos no corrimão e os vidros caem no chão, eu instintivamente lancei também as pernas para o corrimão, em direção ao teto para nada me acertar. Um dos estilhaços ainda me cortou na perna, mas depois do choque inicial aprendi uma lição. Olhei para baixo, alcancei o olhar de uma senhora que estupefata me disse o seguinte: “Minino, sê é louco? Não é que você vai ser o primeiro a morrer se os safado em vez de pedra jogar bala!!” Ah bom, pensei eu! Com que então se fosse um gato já só tinha 6 vidas! Ao menos tive oportunidade de aprender com pedras! Susto da porra! Ainda agora me lembro da cara da senhora. Aposto que pensou: que raio de portuga é este que se julga o homem aranha!
Bem esta foi forte, ainda assim se lhe juntarmos o fato de ainda ter a roupa e os demais pertences, tudo enfiado nas malas; as várias mangas podres que pisei no escuro caminho para casa; a máquina que em vez se máquina veio pacote de sal; a casa nova que nunca mais fica pronta; o primeiro ordenado que tarda em chegar ás minhas mãos; a conta do banco que pela terceira viagem(cerca de 1h30m para chegar ao tal banco) não foi aberta pois faltava a data num dos documentos… vou parar por aqui senão ainda julgam que me estou a queixar. Nada meus queridos, isto não é nada! Sabem que mais estou felicíssimo, e no momento em que escrevi isto não consigo deixar de olhar para trás e rir de tudo. É só uma cultura diferente a que por muito que eu queira não estou acostumado. Mas com certeza vou-me habituar.
Para amenizar de vez a possível influência negativa deste Brasil que vos passei nos últimos parágrafos, quero informar que a essência do carnaval já se começa a sentir por todo lado. Nota-se aqui e ali o stress dos preparativos para as festas. Espero ainda conseguir ir a uma dessas prévias de Carnaval que se realizam aos domingos em Olinda! O sol continua quente e cheio de energias positivas, opa……… lembrei-me agora – ainda não entrei na piscina do hotel – não pensava nisto há uns tempos! Ver se trato disso. Ah a nossa equipa de E&L tem recebido os maiores elogios, o que é ótimo e nos faz querer ir mais longe. Já ando a preparar-me para me mudar para a minha alegre casinha, imaginem só que já ando a estudar juntamente com o meu amigo Gilson como vamos decorar o meu espaçinho.
Bem meus caros já são quase três horas da madrugada, tenho aqui dois ou três mosquitos que resistiram á minha última ofensiva de Baygon, e não param de me morder. Além do mais amanhã quero aproveitar a manhã para comprar um colchão para a minha cama, portando vou descansar enquanto o sol não começa a fazer deste quarto um forno.
Foi um prazer partilhar este bocadinho com vocês que lêem as minhas palermices, e com certeza vou dormir mais tranquilamente.
Xauzinho!

Beijinhos

PS- Parabéns André Matias e parabéns Guilherme Traquina!